quarta-feira, 20 de maio de 2015

Nós mulheres somos biologicamente mais delicadas?

A partir da segunda gestação (meu caso) as mães começam a sentir os movimentos do bebê por vota da 15ª a 18ª semana. Eu cheguei a 20ª sem sentir nada.
Morrendo de medo por conta da perda anterior, por n neuroses, não conseguia relaxar e a todo momento caçava motivos na internet para descobrir os motivos. Óbvio que nada me acalmava e muitas vezes fiquei mais assustada.
Quando comecei a sentir, foi de uma forma bem leve, e me deixava com dúvidas se ela estava mesmo mexendo. PQP eu já tinha vivido isso, como assim não estava mais fácil identificar?
É que o Bruno chutava mesmo, o tempo todo. Principalmente de madrugava mas várias vezes durante o dia eu sentia aquele ser se mexendo ou respondendo algum estimulo.
No último ultrassom morfológico a médica mostrou a bonita mexendo os braços e as pernas toda fofinha e perguntou: sente ela mexer muito? E eu com o sorriso sem graça respondi que não. Bizarro, 20 semanas ela ali remexendo e eu não sentindo nada!

Bom... 23 semanas consulta com a obstetra. A pergunta: Ela pergunta se eu sinto ela mexer, respondo que só de vez em quando e bem de leve. Ela escuta o coração, está firme e forte e então me diz: É que é menina, meninas são mais delicadas. Seu filho chutava forte né? Meninas não fazem isso.
OK.

Ouvi o corção dela, a médica me acalmou, está tudo bem. Mas a afirmação de que meninas são mais delicadas que meninos fica martelando na minha cabeça.
Leio muitos blogs de educação e muitos blogs feministas. E sempre afirmam, coisa que acredito, que a fragilidade feminina é um mito que nós construimos no dia dia. Quando não ensinamos a jogar bola, a obrigarmos a senter de perna fechada, a cruzar as pernas, a correr com leveza, andar de salto alto.. Enfim..

Eu não sou um modelo de feminilidade. Eu me forço a ser. Eu lembro das risadas por sentar de perna aberta, das broncas por falar alto, dos olhares de decepção por não saber bordar. Foi dificil aprender a andar de salto alto, treinei muito. Ahh claro que a cereja do bolo é eu ser uma pessoa totalmente desastrada.
Hoje sempre que estou em público, fico reforçando mentalmente: sente-se como uma dama, presta atenção no seu tom de voz e manera nessa gargalhada.
Claro que conforme eu me sinto a vontade eu me solto e lá to eu sentada com perna de índio, gargalhando e contando uma história em um tom que dá para o quarteirão inteiro ouvir.

Eu não quero que a minha filha sofra como eu sofro. Espero não força-la a ser o que não é. Se realmente for a natureza dela ser delicada que bom para ela mas não quero que ela sinta algo que não posso por para fora porque eu não deixei.

Até porque no caso dela, aqui em casa tem um moleque. Moleque com todas as letras. Que corre, pula, grita, tá sempre suado e vai para escola com o uniforme manchado de tinta e joelhos ralados.
Como dizer para ela você não! Você vai arrumada, vai voltar arrumada e não pode ficar gargalhando que nem ele. Por que eu amo a gargalhada do Bruno. Amo estar lavando a louça e ouvir aquele som de quem está se divertindo.

Nós mulheres somos mesmo mais delicadas? Será que eu sou apenas um exemplar com defeito?

Como é uma questão muito complexa e ampla, resolvi me concentrar no meu problema: Mariana.
Porque ele não mexe? Eu falo, eu canto, eu coloco música e ela nem aí para mim.
Ela não mexe mas sabe ficar em uma posição que me incomoda, então quando não gosta de algo ela demostra. Ok.
Mas do que ela gosta?
E ai descobri. Foi só prestar mais atenção e descobri. Tão clichê quanto meninas são mais delicadas.

Conto em próxima vez por que esse texto já ficou muito longo.



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