terça-feira, 10 de março de 2015

Quando saímos da zona de conforto.

A mudança de cidade até foi tranquila para o Bruno. Ele não fica pedindo para ir para SP e quando perguntamos se ele quer ir geralmente a resposta é não. Acho que morar em um condomínio com quadra e piscina ajudou bastante nisso.
Agora a escola... Ele não tem dificuldades para realizar as tarefas e fez 4 amigos. Mas ele acha pouco. Ele se acha um estranho naquele lugar. O único momento que ele fala de SP é quando a caminho da escola ele diz: seria bom voltar para SP, minha antiga escola e amigos. E me corta o coração. Porque eu sei que não é manha. É saudade, é dor.
Antes ele conhecia a escola inteira. Antes era amigo de TODA a sala. E há muito tempo. Aquela escola era sua segunda casa, seu espaço. Não importava quantas idas a diretoria, ele se sentia querido.

Umas duas semanas, bem tarde da noite, ele me perguntou se podíamos conversar. Claro né? E ele me disse que a professora não tinha tanta paciência com ele, que estava sendo muito difícil a escrever de letra cursiva, e que agora ele tinha só 4 amigos. E que não se sentia a vontade para conversar sobre as dificuldades com nenhum deles, nem com a professora. E desandou a chorar.
Um choro sentido, sofrido, de quem há dias respondia que estava tudo bem na escola mas que não estava tudo bem não.
E pediu para voltar para SP. Eu disse que o problema não era a escola nova e sim a nova série. E que eu achava que os amigos de SP estavam pelas mesmas dificuldades. E a resposta dele me cortou o coração: Mãe mas eles juntos! Se eu estivesse com eles, eles iam me ajudar. Pronto: ai eu comecei a chorar e abracei ele forte. Dormimos juntinho assim.

No dia seguinte conversei com ele. Disse que entendia que não estava fácil mas que as coisas eram assim agora e só dependia dele fazer mudar. Ele ia ter que se esforçar: treinar a caligrafia para ganhar agilidade e deveria procurar a professora quando não entendesse algo e que deveria fazer isso com o maior respeito e clareza. Porque amadurecer não era fácil mas era o que estava acontecendo.

Na parte emocional disse que ia tentar marcar um encontro com velhos amigos.
Senti que ele reagiu bem a nossa conversa.

O Bruno está aprendendo cedo a sair da sua zona de conforto. Descobrir e conquistar um território desconhecido.

Ontem ele conversou com uma querida amiga pelo Skype. Ficou bem tímido no começo mas depois se soltou. Fez perguntas sobre a escola e descobriu que as coisas estão bem parecidas.
Enquanto jantávamos perguntei como estava se sentindo: Feliz mamãe. 


Porque as vezes, tudo o que precisamos é ouvir uma voz amiga.




2 comentários:

  1. Mais uma vez me emocionando ao assistir o Bruno crescer através da palavra dessa mãezinha tão linda e dedicada.
    Eu mudei de casa aos 6 anos de idade. Fomos pra Piracicaba. Depois de lá, Santa Cruz do Rio Pardo, Ibiúna, Miami, São Paulo, Milão, Vigo, Barcelona e Leeds.
    Percebo que o primeiro de tantos passos que estavam por vir foram fundamentais. Meus pais levaram tudo com calma, me passaram a segurança, firmeza e contribuíram para a minha jornada pelo mundo afora.
    Manda um beijo para o pequeno ser. Ele um dia vai descobrir que depois de São José, ainda existe um mundo inteiro para ele explorar!!!
    Abraços apertados!!!

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    1. Amigaaaa como sempre amo seus comentários! E sim, São José é apenas muitos dos lugares que Bruno ainda vai morar. O grande sonho dele é morar em Barcelona (ainda acredita?).
      Abraços apertados!!!!

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