quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A história de uma perda.

Depois que o primeiro filho cresce, é complicado pensar em engravidar de novo.
O Bruno já é independente, um mocinho.
Mas a vontade de ter um bebê bateu forte e eu engravidei de novo.

Com oito semanas de gravidez, muita alegria e planos, veio um sangramento.
A partir da daí foram várias consultas em PS. O meu médico não conseguia um encaixe na agenda dele para mim. Todos afirmando que era normal. Nem atestado para ficar alguns dias em casa queriam me dar. Todo dia eu ia no PS e pegar um. Todo dia eu fazia um ultrassom, ouvia o coração da bebê e ouvia: está tudo bem.
Tudo começou em uma terça-feira. No sábado, com sangramento intenso, voltei ao PS. Achando que ia fazer um novo ultrassom e ouvir do médico que estava tudo bem e voltar de novo para casa me achando uma louca.
Mas dessa vez não estava tudo bem. No ultrassom não tinha nada. Só restos. Doeu muito ouvir que o meu sonho, meus planos, meu bebê, era agora um resto.

Hoje é quarta-feira e ainda dói muito. Fisicamente estou bem. Mas emocionalmente não. Ainda choro. Quando deito para dormir eu fico ouvindo na minha cabeça: Não tem saco gestacional aqui só restos. Quando eu acordo é a primeira coisa que me vem a cabeça.

Com certeza se eu não tivesse o Bruno não sobreviveria a isso. Parece loucura se apegar a alguém que só tem 8 semanas de vida mas é assim que me sinto.
O Bruno tem sido fundamental na minha recuperação. Ele me abraça, me beija. Ele chorou muito quando soube, assim como ele queria muito esse bebê. Já estava até aceitando se viesse menina em vez de menino!

Quando contei para as pessoas recebi muito carinho e também ouvi muita besteira. Mas sei que não é por maldade. Ninguém sabe o que dizer em uma situação dessa.

Eu preciso de um tempo. Preciso de isolar e viver esse luto.
Nada como um dia após o outro.

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