Eu sou filha de mãe solteira.
Sofri muito com isso a minha vida inteira.
Sofri, chorei, briguei e me senti sem respostas durante muitos anos.
Uma tristeza e um vazio sem fim que acabou quando casei e virei mãe.
Sim, agora eu tinha uma família, e cada um com seu papel, tudo no seu lugar.
E o passado ficou para traz.
Mas meu filho é neto também.
Tem avó e avô, pais do papai.
Tem a vovó, mãe da mamãe.
Cadê o vovô, pai da mamãe?
Quem acha difícil falar sobre sexo, nunca precisou falar sobre abandono.
O meu filho é a minha cara.
E ao olhar para ele, as vezes me pego pensando: o que será nos dois temos do meu pai?
Seja físico ou de personalidade.
A curiosidade dele não atiça a minha.
Meus demônios estão mortos e enterrados.
Mas como enterradas as dúvidas de outra pessoa?
Uma parte do nosso passado sempre vai nos acompanhar.
Por mais que se fuja dele.
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