sexta-feira, 26 de julho de 2013

A mamãe não é normal.

Eu acho que nunca divulguei aqui que eu tenho uma deficiência.
Acho que nunca surgiu uma história interessante para compartilhar a respeito disso.
Até que ontem, o Eduardo teve uma conversa com o Bruno que me fez pensar e ter
vontade de escrever.

Ontem, antes de dormir, o Bruno estava fazendo um barulho danado e eu já dormia.

-Bruno se a sua mãe não fosse surda você já teria acordado ela. Chega.
-Papai, por que a mamãe é surda?
-Ela nasceu assim filho.
- A gente não pode levar ela no médico para sarar?
-Não filho, a mamãe não vai melhorar.

O Eduardo me contou tudo isso, hoje de manhã.
Disse que o Bruno foi dormir bem chateado.
Ele nunca tinha ficado chateado.
Já foi curioso, indiferente. Nunca triste.
Talvez ele esteja crescendo e entendendo as coisas.

Ele quer fazer LIBRAS.
Ele tenta se comunicar em Libras.
Mas ele não sabe nada.
Combinamos que ano que vem ele irá para a escola de Libras junto comigo.
Sim, eu também não sei Libras.

Sempre tive problemas de audição.
Que sempre foram vistos como falta de atenção.
Era mais fácil ame acharem com problema de retardo mental do que surda.
O tempo foi passando, foi se agravando a ponto de hoje, eu ser realmente
uma deficiente auditiva.

Explicando bem como eu sou:
Eu não escuto baixo.
Sim falar baixo comigo não ajuda mas não precisa falar gritando comigo.
Eu tenho problema para distinguir palavras.
Eu entendo errado o que as pessoas dizem.
Não faço leitura labial mas preciso que falem olhando para mim.
Preciso que falem claramente, não entendo resmungos.

Essa sou eu.

Bruno lida com isso desde cedo.
Ele nunca resmunga e sempre fala olhando para as pessoas.
Consequentemente...
Não gosta que resmunguem e não falem olhando para ele.
Ele define o volume da televisão - não eu.

A minha perda é progressiva. Um dia perderei a audição de vez.
E preciso preparar o Bruno para isso. Pois pode não demorar.
Ano que vem, sem falta, faremos Libras juntos.

O som que mais vou sentir falta?
A risada do Bruno, claro.




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